Panquecas de banana

Será que acontece só comigo? Penso em panquecas e volto para a minha infância… Me transporto no tempo e me sinto na cozinha da casa onde eu cresci. Estou sentada na mesa de fórmica imitando madeira, e minha mãe está acabando de mexer a massa das panquecas naquela tigela de louça que tem a beiradinha azul e um pedacinho lascado. A frigideira preta de tanto uso nem de longe parece com as frigideiras de hoje coloridas, de ferro ou com interior antiaderente… Era uma frigideira de ferro comprada na feira, naquela barraca onde se encontrava de tudo um pouco para a casa… Um verdadeiro shopping dos anos 60!

Em alguns minutos o aroma das panquecas invadia não só a cozinha, mas entrava pelo corredor da casa e trazia quem estivesse em outros cômodos. Aos poucos a mesa ia sendo ocupada e pratos apareciam, uma geleia saía da geladeira, um doce do armário… Algumas facas, um suco geladinho… E as panquecas indo da frigideira para um prato ao lado, no próprio fogão. Fininhas, clarinhas, elas eram feitas com farinha refinada naqueles tempos, afinal ninguém falava em farinha integral!

Fecho os olhos e lembro dos detalhes do avental que minha mãe usava… Tinha um laçarote enorme nas costas e uma estampa bem florida. Presente que minha avó trouxe de viagem, tinha aquele ar norte-americano bem exagerado em tudo! Mas fazia sucesso entre as amigas da minha mãe – que achavam aquilo chiquérrimo! Eu quase consigo sentir o cheiro do avental, que vivia com manchas espirradas de tudo que entrava no cardápio da semana. Lembro também da minha irmã mais nova comendo, andando pela cozinha e limpando as mãozinhas nas pontas do avental…

Panqueca de banana

Minhas panquecas hoje são diferentes: não são clarinhas (uso farinha integral, de aveia, ou a própria aveia), não uso ovos e sim banana amassada. O leite de vaca foi substituído pelo leite vegetal e as panquecas ficam grossinhas, e bem menores, pois senão fica impossível virar sem quebrar. Mas continuam a trazer aquele prazer de se sentir criança outra vez! Nem que seja por um momento, no aroma reinventado, e no som do ambiente que teima em ficar ecoando lá no fundo da mente. Gritaria de criança, cachorro latindo, telefone fixo estridente tocando…

Vale adicionar que quando penso em todas as adaptações que ando fazendo nas minhas receitas ao longo dos últimos anos para que elas não sejam mais feitas com qualquer ingrediente de origem animal, não tenho nenhum sentimento de perda. Com certeza, ao contrário, penso somente em ganhos, descobertas e talvez uma pontadinha de desafio!

Banana vintage

A receita das panquecas de banana abaixo é uma prova de como não é preciso abrir mão de muitos sabores que habitam nossa memória. Talvez seja só uma questão de pensar em releituras de receitas clássicas que fazem parte da nossa história.

Panquecas de banana

Ingredientes

  • ¾ xícara de farinha de trigo
  • ¾ xícara de aveia
  • colheres (chá) de fermento em pó
  • ½ colher (chá) de sal
  • 2 bananas maduras amassadas
  • 1 xícara de leite vegetal
  • 2 colheres (sopa) de melado de cana
  • 2 colheres (sopa) de óleo de coco ou óleo vegetal
  • 1 colher (chá) de extrato de baunilha

Modo de fazer

  • Misture em uma tigela a farinha, a aveia, fermento e sal.
  • Em outra tigela misture as bananas amassadas, leite, melado, óleo e o extrato de baunilha. Junte aos ingredientes secos e misture até ficar homogêneo.
  • Aqueça uma frigideira antiaderente e coloque um fio de óleo. Coloque porções de ¼ de xícara de massa. Vire depois de 2 a 3 minutos e doure do outro lado.
  • Repita com o restante da massa. Sirva em seguida com a cobertura preferida (frutas picadas, melado, geleia, raspas de chocolate)

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Comentários

  1. Carla Seibel Vervloet says:

    Oi Monica, que delícia ler seus relatos e mergulhar nas suas memórias. Obrigada por compartilhar conosco. Adorei a receita, vou tentar por aqui! Sempre ando fazendo as panquequinhas de banana, mas numa versão mais simples com chia, canela e aveia e só. De novo, obrigada, adoro esse teu espaço!

    1. Conta depois como ficaram as panquecas!

  2. Estava há poucos instantes refletindo como tudo nos nossos dias atuais é comercial, engendrado pelo vil metal: uns cem(ou seria sem) números de produtos, serviços prometendo bem-estar, saúde… mas apenas surfando na onda do momento. E, eis que lembro do Santo Legume, que já fazia um tempo não visitava e, me deparo com uma riqueza de lindas memórias que remetem à simplicidade, às coisas boas da vida. E o meu coração se encheu de esperança. Obrigada!?

    1. Que delicia ler uma mensagem com a sua Jamile! Meu coração está batendo feliz por aqui…

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